ENCONTRO ENTRE RELIGIÕES, NA CIDADE DO FUNDÃO,
DISTRITO DA GUARDA.

   
 

A convite da Academia Sénior do Fundão, em parceria com a Câmara Municipal do Fundão, teve lugar nesta cidade, no edifício Moagem - Cidade do Engenho e das Artes, um encontro das “Igrejas do Livro”, que decorreu nos dias 19 e 20 de Março de 2009 subordinado ao tema “Celebrações Religiosas na Primavera”.

Entre as Confissões Religiosas cristãs e não cristãs convidadas presentes, esteve representada a Igreja Ortodoxa de Portugal, na pessoa do Sr. Arcebispo Theodoro de Évora e Setúbal, em Nome do Primaz desta Igreja.

Os convidados apresentaram à audiência – composta pelos membros docentes e discentes da Academia Sénior do Fundão – as particularidades próprias do tempo quaresmal e pascal de cada uma das confissões religiosas presentes. Para além disso os apresentadores abordaram também algumas tradições locais daquela região da Beira Baixa relativas às práticas religiosas antigas, ainda hoje conservadas, algumas delas remontando a tempos anteriores ao Cristianismo.

Na sua apresentação, o Sr. D. Theodoro relacionou os ciclos das estações do ano com os ciclos da vida humana e os ciclos litúrgicos ortodoxos: as principais festas litúrgicas celebradas na Primavera, culminando na Festa das Festas, a Santa Páscoa – Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo; o significado e simbologia das mesmas festas nos aspectos doutrinais e suas repercussões na vida cristã; uma breve abordagem à Igreja Ortodoxa, incluindo a sua presença em Portugal.

Após as apresentações teve lugar um proveitoso e esclarecedor espaço de debate com o público presente.
Do ponto de vista cultural salientamos, no final do 1º dia de trabalhos a actuação da Tuna Académica do Fundão e no 2º a da Tuna Académica da Covilhã. Na manhã do 2º dia teve lugar uma visita guiada ao Museu Arqueológico do Fundão, na qual houve ainda uma exposição de alfaias litúrgicas (quer ao vivo quer em exposição fotográfica). Nesta última foi também possível explicar a aplicação e simbologia dos paramentos e alfaias litúrgicas ortodoxas. O representante da Igreja Ortodoxa de Portugal neste evento teve ainda o privilégio de usufruir de um passeio cultural na região, no dia 21 de Março, acompanhado de membros da Direcção da Academia Sénior do Fundão.
Para concluir, realçamos aqui dois aspectos:

  1. A oportunidade desta iniciativa por parte das entidades promotoras. Um Encontro de Religiões, no respeito pelas diferenças entre elas, será sempre salutar para a necessidade de informação e esclarecimento das pessoas em geral, facilitando as suas mais bem informadas opções religiosas.
  2. A excelência da planificação e condução dos trabalhos pelas entidades organizadoras, aliada a uma hospitalidade e dedicação inexcedíveis.

 

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CELEBRAÇÕES CRISTÃS ORTODOXAS
NA PRIMAVERA

PRIMAVERA, PARTE DO CICLO ANUAL DA NATUREZA

Primavera é tempo de crescimento, de expansão, de renascimento. Após o adormecimento da natureza causado pelo frio do Inverno, observamos por toda a parte a explosão do verde, o fervilhar das actividades dos animais, uma nova alegria e esperança que nos invade.
Um ciclo de 4 estações do ano se encerrou e novo ciclo recomeça.

OS 4 CICLOS ANUAIS DA IGREJA CRISTÃ ORTODOXA

Tal como na natureza, a vida na Igreja Cristã é pontuada pelos seus ciclos. Particularmente na Igreja Cristã Ortodoxa, os fiéis que dela fazem parte são convidados a viver também os ciclos religiosos, que se entrecruzam uns nos outros.
São esses ciclos em número de 4:

  • Ciclo hebdomadário, ou semanal, em que cada dia da semana é dedicado a uma comemoração própria.
  • Um ciclo ligado à festa da Exaltação da Santa Cruz (que é em meados do mês de Setembro de cada ano).
  • Um ciclo fixo, com a invocação de Santos específicos, ou uma festa, a cada dia do ano.
  • E um ciclo temporal, ligado a uma celebração muito especial, a Santa Páscoa, cuja data varia de ano para ano.

Vamo-nos deter um pouco mais nestes últimos dois ciclos.

INTERACÇÃO ENTRE OS CICLOS RELIGIOSOS ORTODOXOS E O CICLO DAS ESTAÇÕES DO ANO

Nós sabemos, pela leitura do Evangelho segundo S. Lucas que, quando ocorreu a Anunciação da Santíssima Virgem Maria, sua prima, Santa Isabel, estava já grávida de 6 meses, vindo depois, após o tempo normal, a dar à luz São João Baptista.

Ora a festa da Anunciação ocorre, efectivamente, a 25 de Março. Três meses depois (no fim da gestação de Santa Isabel), a 24 de Junho, dá-se o nascimento de São João Baptista. Seis meses depois, a 25 de Dezembro, é o nascimento de N. S. Jesus Cristo (ou seja, nove meses exactos após a concepção de Jesus, na Anunciação).

Relativamente às estações do ano Jesus Cristo nasce no início do Inverno e São João Baptista no início do Verão.
Dizia São João Batista, já adulto, quando estava a terminar a sua missão de proclamar a vinda de Cristo ao mundo, de quem ele era Seu precursor, referindo-se a Jesus: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua”. Ou seja, o que mais desejava era que o testemunho que tinha dado de Jesus Cristo fosse inequívoco para todos os que o ouviam, de modo a que, entendendo-o correctamente, passassem a seguir, não a São João, mas ao Mestre de todos, “de quem ele não era digno de desatar as correias das sandálias”.

É interessante notarmos que a frase de São João Baptista referindo a necessidade da sua própria diminuição e da maior visibilidade de Cristo tem também um paralelo com as estações do ano acima mencionadas. Jesus nasce no princípio do Inverno onde os dias são os mais pequenos do ano, mas começam a ficar maiores a partir daí; enquanto São João Baptista, inversamente, nasce no princípio do Verão, quando os dias são os maiores do ano, mas passam daí para a frente a ficar mais pequenos.

Temos, assim, que as comemorações religiosas correspondentes aos solstícios são, respectivamente, para o de Verão, o nascimento de São João Baptista e, para o de Inverno, o Natal – Nascimento de N. S. Jesus Cristo.
Relativamente aos equinócios temos: no de Outono a festa da Exaltação da Santa Cruz e no da Primavera, como veremos de seguida, as festas da Anunciação da Virgem Maria e da Santa Páscoa.

Do mesmo modo que observamos o contraste entre as festas celebradas nos solstícios – com o nascimento de Jesus Cristo e o nascimento de São João Baptista – encontramos igualmente um contraste, uma antinomia entre as festas celebradas nos equinócios: dum lado a Santa Cruz, do outro a Ressurreição.

Sintetizando, podemos obter as seguintes correspondências na vida de Jesus Cristo com as estações do ano:

  • Inverno e Primavera: Nascimento e vida privada de Jesus Cristo
  • Verão: Sua vida pública, cumprindo a Sua missão entre nós.
  • Outono: Sua Paixão, passando pela Cruz
  • Inverno: Sua Morte e Sepultura
  • Primavera: Sua Ressurreição

Do mesmo modo também nós, homens e mulheres, passamos por todos os ciclos da vida:

  • A Primavera corresponde à fase da juventude da nossa vida.
  • O Verão ao nosso amadurecimento, em que tomamos as nossas grandes opções.
  • O Outono a uma fase mais madura em que essas opções tomam, digamos assim, um carácter definitivo: do ponto de vista da Igreja elas traduzem-se na nossa aceitação, ou não, da Cruz que Cristo nos convida a levar.
  • O Inverno corresponde ao tempo em que, após a morte, todas as almas aguardarão o fim dos tempos e o Julgamento Final.
  • A Primavera que começa o novo ciclo traduz-se na Ressurreição de todos os seres humanos, restituídos à sua integralidade, não somente com a alma, mas com um novo corpo que lhes será dado: uns para a eterna salvação e os outros para a eterna condenação.

AS DUAS PRINCIPAIS FESTAS CRISTÃS DA PRIMAVERA:

INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA PROMESSA DE DEUS E SUA REALIZAÇÃO EM JESUS CRISTO
COM ELE A SALVAÇÃO TORNA-SE DORAVANTE ACESSÍVEL AO HOMEM.

Depois desta breve passagem pelas estações do ano e de alguma da sua simbologia abordemos agora mais especificamente a Primavera, tema principal desta conversa convosco.

A Primavera inicia-se precisamente com uma festa já atrás citada, que é a da Anunciação do Anjo à Santíssima Virgem Maria.

E é na Primavera que ocorre a maior festa de toda a Igreja: a Páscoa, a Ressurreição de N. S. Jesus Cristo.
Começando pela Anunciação, poderá alguém perguntar: - Qual a razão pela qual é considerada uma das grandes festas da Igreja?

A razão deve-se ao facto de que, após a promessa dada por Deus, ao longo de todo o Antigo Testamento, através da Lei e dos Profetas, de que enviaria um Messias, um Salvador para resgatar o Seu Povo, com a Anunciação começou desde logo a esboçar-se o seu cumprimento. Por exemplo, podemos ler no Evangelho de São Mateus: «Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, que significa “Deus connosco”». As profecias autênticas – como é o caso desta última que acabámos de ler, evocada pelo evangelista Mateus e que havia sido proferida pelo profeta Isaías – são provas inequívocas de que os acontecimentos a que se referem são de origem divina. Só por inspiração divina é possível prever-se acontecimentos futuros com esta antecedência e relevância.

No momento da Anunciação Maria, a Virgem por Deus escolhida dentre o povo judaico, ouviu o convite que o Senhor, através do Anjo, lhe formulou de ser a Mãe de Jesus Cristo e aceitou-o. O sim, livre e consciente, de Maria a Deus – contrapondo-se ao não de Eva – abre a porta à encarnação do Verbo de Deus.

O ser no momento da Anunciação concebido no ventre da Virgem Puríssima tem particularidades que o distinguem de todos os seres. Ele é concebido enquanto homem, mas é simultaneamente Deus. Deus perfeito e homem perfeito. Nem a divindade em Jesus Cristo, pela sua imensidão, esmaga a Sua natureza humana, nem a Sua humanidade limita, compromete ou de alguma forma diminui a Sua natureza divina.

Os homens do Antigo Testamento viveram alimentados duma esperança. Esperança baseada numa promessa de Deus. E Deus não mente e cumpre as Suas promessas.

Desde o pecado dos nossos primeiros pais – que em consequência dele foram expulsos do Paraíso – que os homens haviam perdido a comunhão e a proximidade de Deus: com efeito nós lemos na Sagrada Escritura que “Adão conhecia a Deus pelos Seus passos”. A possibilidade de retorno a essa “intimidade” com Deus – (na medida em que ela é permitida ao homem), da qual desfrutavam Adão e Eva no Paraíso – fora definitivamente perdida e nenhum homem ou mulher, por si mesmo, tinha capacidade para reatar essa comunhão com Deus.

Foi necessário o sacrifício supremo d’Aquele que nasceu da Virgem Maria, que nunca pecou e cumpriu a Sua missão entre os homens, em plena comunhão com Deus Pai. Jesus Cristo ofereceu-Se por nós na Cruz, para nos salvar, outorgando-nos os meios para restabelecermos, por Ele, a comunhão com Deus. O Cordeiro Imaculado de Deus expiou os pecados de todos aqueles que quiserem ser verdadeiramente Seus discípulos. Venceu as tentações do demónio, venceu o pecado e venceu o último inimigo: a morte, ressuscitando, tal como fora predito pelos Profetas e por Ele próprio anunciado, ao terceiro dia (cf. inúmeras citações no Evangelho – por exemplo, Mateus 16,21).

Se a Páscoa judaica foi a passagem necessária do Povo Judaico, que vivia subjugado no Egipto, para a Terra Prometida, ela foi também a prefiguração da Páscoa Cristã: nesta última o próprio Senhor Jesus Cristo oferece-Se como Cordeiro imaculado, morre mas ressuscita, tornando doravante também acessível a renovação do velho homem, subjugado pelo pecado, transformado em homem novo pela graça vivificante irradiando da Ressurreição de Cristo.

A Páscoa, Ressurreição do Senhor, é a mais importante festa cristã, sendo chamada “a Festa das Festas”. A razão deve-se a que, a partir desse momento, Cristo deixa de ser somente esperança para os cristãos. Esperança que se foi consolidando ao longo da vida de Jesus, mas que não passava disso mesmo: esperança. A Ressurreição do Senhor traz uma viragem decisiva: transforma a esperança numa certeza, uma realidade insofismável. Depois da vitória de Cristo sobre a morte, pela Sua Ressurreição, a Salvação, o retorno à comunhão com Deus outrora perdida, torna-se doravante acessível a todos aqueles que quiserem ser verdadeiramente Seus discípulos.


A IGREJA DE DEUS

A Igreja foi fundada no Dia de Pentecostes, com a Descida do Espírito Santo, para acolher todos os que queiram seguir a Cristo Senhor, Igreja que, segundo as Sagradas Escrituras, “permanecerá até ao fim e as portas do Inferno não prevalecerão sobre Ela”. Constitui esta Igreja de Cristo já as primícias do Reino dos Céus nesta terra, onde podemos ter já algum vislumbre, alguns “flashes” (perdoe-se a ligeireza do termo) daquilo que será uma comunhão mais plena e perfeita com Deus.

Mas também não basta intitularmo-nos cristãos para sermos salvos. É necessário aceitarmos com amor a cruz que Cristo nos convida a levar – pois como poderíamos intitular-nos cristãos, discípulos de Cristo, e recusarmos partilhar com a nossa cruz aquela que Ele próprio sofreu por nós? E também praticarmos os mandamentos, sobretudo o grande mandamento do amor – a Deus e ao próximo – mandamento esse que engloba todos os outros mandamentos e preceitos da Igreja.

PEQUENO SUPLEMENTO SOBRE A IGREJA ORTODOXA

A título de informação, para quem não conheça a Igreja Ortodoxa, diremos que esta Igreja pugna por se manter fiel aos mandamentos de Cristo. Procura viver e transmitir, na verdade e no amor, esse legado. Esse legado ou Tradição foi-nos veiculado ao longo dos séculos por todos os Santos que mantiveram a pureza dessa vida e dessa fé cristãs. Dessa forma se têm mantido intactas e preservadas, apesar das fraquezas humanas dos membros que compõem a Igreja e das perseguições que esta tem sofrido ao longo dos séculos.

PRESENÇA DA IGREJA ORTODOXA EM PORTUGAL

Em Portugal a Igreja Ortodoxa está implantada nestes últimos 40 anos. É constituída como Igreja Autónoma, de carácter nacional e congregando no seu seio todos os Ortodoxos portugueses e estrangeiros residentes no país. Dentre as Confissões Religiosas minoritárias é a que tem actualmente o maior número de fiéis (números confirmados já desde os Censos de 2001).
Mas aquilo que poderá ser uma surpresa para quase todos é que esta existência em Portugal nas últimas 4 décadas não é uma novidade no nosso país. De facto esta Igreja esteve implantada num período que não foi tão pequeno como isso: nem mais nem menos do que 12 séculos…
O território que corresponde hoje a Portugal e Espanha, a Península Ibérica, foi evangelizado desde os primeiros tempos do Cristianismo. Temos uma tradição, apoiada em muitos testemunhos, da presença do Apóstolo São Paulo. Ou seja, a Igreja que floresceu em Portugal é de Fundação Apostólica. Viveu durante todo o primeiro milénio da Era Cristã como – diríamos hoje – uma Igreja Ortodoxa Autocéfala, com um rito próprio, o chamado Rito Bracarense.
Ao longo do primeiro milénio da Era Cristã a Igreja sofreu em toda a península vários períodos de martírio e passou pelas convulsões causadas pelas invasões dos povos bárbaros. Depois, no século VIII foi a invasão dos mouros, vindos do Norte de África, que praticamente destruíram a organização da Igreja e reduziram os cristãos – denominados moçárabes – a um estatuto de cidadãos de terceira categoria.
Com a Reconquista Cristã, já no tempo de D. Afonso Henriques, o território volta progressivamente para a posse dos cristãos. Nesse tempo a novidade é que a autoridade da Igreja em Terras Lusas deixou de ser o Metropolita Primaz de Braga para ser transferida para Roma. Roma, que estendera a sua influência aos restantes países europeus ocidentais, completa esse envolvimento com Portugal.
Assim e em conclusão diremos que a Igreja Ortodoxa esteve implantada em território luso desde os tempos apostólicos até ao séc. XII e após um grande intervalo de 8 séculos, regressou, na segunda metade do século XX.

CONCLUSÃO

Em conclusão diremos que os ciclos são, naturalmente, um elemento preponderante na nossa vida enquanto seres humanos e em toda a Criação de Deus. Aliás, segundo a doutrina da Igreja Ortodoxa, tal como a Sagrada Escritura, foi escrita directamente por inspiração de Deus, também a natureza foi criada directamente pelas mãos de Deus.
Nas diversas formas de vida nós observamos um tempo de criação, de crescimento e maturação, um tempo de renovação, em que os elementos prejudiciais são eliminados, um abrandamento e apagamento da mesma vida, para logo de seguida ela ressurgir, renovada, reiniciando um novo ciclo.

Quanto à Primavera podemos afirmar que, no plano espiritual, está ligada ao nosso princípio, à Criação por Deus do Mundo e da humanidade e ao princípio do novo ciclo futuro, que passará necessariamente pela Ressurreição.

Podemos dizer que, para quem um espírito positivo, a idade cronológica não é preponderante na sua vida. Exemplo disso é toda esta magnífica assembleia a quem tenho o prazer de me dirigir, demonstrando, que a abertura de alma e vontade de aprender não têm idade. Faço votos para que assim se mantenham ao longo da vida, pois esse modo de encarar a mesma vida trará um duplo benefício: viver já aqui uma constante primavera e juventude interior; e preparar pessoalmente, após o Julgamento Final, no fim dos tempos, a passagem para a outra Grande Primavera que nos espera a todos, num Novo Mundo, onde Jesus Cristo será tudo em todos.

 


 
   
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