DEPARTAMENTO PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL.
DISTÚRBIOS E RECÍPROCAS AGRESSÕES ENTRE ARMÉNIOS E ORTODOXOS, DENTRO DO SANTO SEPULCRO EM JERUSALÉM.
A Igreja Ortodoxa de Portugal deplora e repudia as gravíssimas e inaceitáveis agressões ocorridas no passado dia 9 de Novembro de 2008, dentro da Igreja do Santo Sepulcro – um dos Lugares Santos mais amados de toda a Terra Santa – em Jerusalém.
Não existe nenhuma razão ou motivo – ao interior da Igreja Ortodoxa - que permitam ou autorizem a interrupção de um Oficio Litúrgico; e o que é válido para nós tem de ser também análogo para os outros. Não podemos ter dois pesos e duas medidas. Os cristãos Arménios celebravam a sua Festa Litúrgica…não podiam ser interrompidos.
Qualquer medida de reivindicação por parte dos cristãos Ortodoxos em função de lícitos direitos que estariam a ser violados e sonegados pela Confissão religiosa da Arménia, deveriam e teriam obrigatoriamente de ser tratados e resolvidos fora do Santo Sepulcro e nas Instâncias próprias para o efeito.
O Cânone (Lei da Igreja) é bem explícito quanto à aplicação de sanções a sacerdotes que, paramentados e em plena celebração Litúrgica, enveredem plena agressão física ou verbal… Suspensão e Deposição do Sacerdócio (com consecutiva redução ao estado leigo - civil) são as medidas canónicas obrigatoriamente aplicáveis, por ser tamanha a gravidade.
A intolerância e a violência não são meios através dos quais alguém possa fazer prevalecer os seus direitos legítimos, seja em que quadrante for da acção humana ou em função de não importa que horizonte.
O Santo Sepulcro é um Lugar Santo do qual somente pode irradiar a Paz e o Amor de Cristo. Quaisquer actos que não decorram destas duas premissas – no estrito respeito e em plena conformidade com as mesmas - são repreensíveis e funestos, tais como os sucedidos no passado dia 9 de Novembro em Jerusalém.
O exemplo para o mundo, dado por Cristãos Ortodoxos e Arménios, no Santo Sepulcro em Jerusalém, é fermento de intransigência e impaciência nos quais as hostes de fanáticos se alimentam.
Se este é o modelo de Paz, Amor, Tolerância, Paciência e Fraterno convívio entre Cristãos, que podemos nós, então, exigir dos não cristãos, dos ateus, dos gnósticos, dos agnósticos, etc…?
– Que legitimidade nos assiste para falarmos ao mundo da necessidade de Paz e Amor, quando a guerra e o ódio se instalaram no nosso coração e nos conduzem a actos estarrecedores, sórdidos e hediondos como os acima referidos, nos quais não é possível vislumbrar nem o Amor nem a Paz de Cristo Nosso Salvador?
Apelamos a todos os que foram protagonistas destes horrendos e infaustos actos de terror – num dos Lugares mais Santos e Simbólicos de Toda a Terra Santa – que se perdoem mutuamente e busquem a sã coabitação – num território já tão fustigado por conflitos, contendas e discórdias quotidianas - dando o tão imprescindível exemplo de tolerância que o mundo nos exige enquanto cristãos.
A Igreja Ortodoxa de Portugal ora por todos os desventurados promotores e agentes dos infelizes acontecimentos, no sentido de reencontrarem nos seus corações a Paz de Cristo que – no Santo Sepulcro – Brota, Grita e Clama do túmulo vazio onde O Senhor Nosso Deus e Salvador Jesus Cristo venceu definitivamente a morte, no cumprimento pacífico da Sua Missão Salvadora em prol de todos os Homens e Mulheres que sigam o seu Ensinamento.
A Igreja Ortodoxa de Portugal pede ainda perdão a todos os que sofreram de forma brutal, o choque e o embate, de tão danosas imagens e espera que nas mesmas não entrevejam nem encontrem motivos para gáudio mas apenas e só, razões para perdoar - todos os que no dia 9 de Novembro de 2008 - não souberam erguer-se, como lhes era pedido, em exemplo de Paz, Amor, Sensatez, Prudência e Bom senso.
METROPOLITA PRIMAZ DE PORTUGAL. |