WIND EXPO LAWEA 2008

 
 
 

Conferência sobre:

MUDANÇAS CLIMÁTICAS,
CONSEQUÊNCIAS E SOLUÇÕES
por Metropolita João de Portugal

Caro Presidente,
Estimados Conferencistas,
Entidades e Ilustres Visitantes,

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E CONSEQUÊNCIAS
A Igreja Ortodoxa, completamente consciente das suas responsabilidades sobre o destino do mundo, está altamente preocupada com os problemas gerados na civilização contemporânea, que não são os menores de todos os problemas ecológicos.

Hoje em dia, a imagem da Terra tem sido distorcida à escala global. A sua água, recursos subterrâneos, solo, ar, flora e fauna estão degradados. A natureza tem sido quase completamente envolvida no suporte à vida da humanidade. Os seres humanos já não estão satisfeitos com os seus recursos diversos mas estão a explorar ecossistemas inteiros sem restrição nem contenção.

As actividades humanas, tendo atingido o patamar dos processos da biosfera, estão constantemente em crescimento devido ao acelerado e rápido desenvolvimento da ciência e tecnologia.

A poluição geral do ambiente devido aos desperdícios industriais, agricultura com tecnologia pobre, destruição em larga escala de florestas e solos, resultam todas na supressão da actividade biológica e na inequívoca restrição da diversidade genética de vida.

As fontes minerais insubstituíveis estão a ser exauridas e as reservas de água potável reduzidas.
Múltiplas novas substâncias danosas surgiram, muitas das quais não estão incluídas na circulação natural mas acumuladas na biosfera.

O equilíbrio ecológico tem sido perturbado.
Na actualidade a humanidade está a configurar a emergência dos processos perniciosos na natureza, incluindo a deficiência da sua força reprodutiva inata.

Toda esta terrível confusão está a acontecer juntamente com um crescimento sem precedentes e injustificado de consumo público, principalmente em países altamente desenvolvidos onde a busca de riqueza e de luxo se tornaram o objectivo e a regra. Esta situação injusta impede a distribuição justa e equitativa dos recursos naturais, que são propriedade comum de toda a humanidade.

Os resultados da crise ecológica têm provado ser não somente penosos para a natureza – e não exclusivamente para esta – mas também para os homens e mulheres como parte orgânica sua.
Em consequência, o Planeta Terra encontra-se à beira de um desastre ecológico.

Acreditem-me, meus Caros Irmãos, que as minhas palavras não provêm de qualquer género de interpretação pessoal subjectiva, mas sim de factos públicos inegáveis.

Assim sendo, analisemos de modo mais pormenorizado estes mesmos factos.
De acordo com um dos relatórios oficiais das Nações Unidas em Mudanças Climáticas elaborado por mais de 2.500 peritos durante cinco anos, nós temos acesso às seguintes conclusões danosas e perniciosas:

A concentração na atmosfera dos gases provenientes do chamado efeito de estufa é o maior nos últimos 650.000 anos;

Seis dos sete anos mais quentes – desde que existem registos – ocorreram desde 2001 para cá, isto é já neste século;

O Hemisfério Norte perdeu 5% de neve desde 1966;

Nos últimos 45 anos o mar está a subir 0,8 milímetros por ano;
Os relatórios das Nações Unidas informam que uma grande parte do aquecimento global é já irreversível e os seus efeitos podem prevalecer durante séculos. Mas o Apocalipse poderá ser ainda evitado, embora algumas acções devam ser imediatamente postas em prática.

A temperatura de Terra aumentou proporcionalmente 1ºC (um grau centígrado) nos últimos 120 anos;

840 espécies de seres vivos catalogados foram extintas durante os últimos 500 anos;

A concentração de gás carbónico na atmosfera aumentou 30% nos últimos 150 anos;

As mortes ligadas à poluição do ar atingiram 3.000.000 de pessoas por ano;

A cobertura do gelo árctico, durante o ano de 2005 ocupava uma área 20% menor do que a média histórica;

22% da floresta amazónica está devastada e 31% está a sofrer a intervenção humana;

O aquecimento global reduziu em 20% a calote Polar Árctica nas últimas três décadas;

O excesso de gás carbónico na atmosfera está a tornar os oceanos mais ácidos; isto debilita os corais, fundos marítimos e plânctones, cadeia alimentícia subaquática básica;

Nas últimas três décadas o total de terras assoladas por seca severa duplicou devido ao aquecimento global.

Na China, por exemplo, de acordo com os estudos mais recentes das Nações Unidas, todos os anos 10.000 Km2 (dez mil quilómetros quadrados), em média – o equivalente a um décimo de Portugal – são transformados em deserto;

Na Etiópia a seca anual condena 6 milhões de pessoas à fome;

Na Turquia 160.000 Km2 (cento e sessenta mil quilómetros quadrados) de terra arável sofre de desertificação gradual, seguida da consequente erosão do solo;

No Oceano Atlântico a temperatura de água é 1,5ºC (um grau e meio centígrado) mais elevada do que há vinte anos atrás.

As consequências dos atentados infligidos à natureza, provocados pelo homem devido ao desrespeito pela Criação de Deus e pelo equilíbrio natural, apresentam todos os anos uma nova herança catastrófica para a humanidade.

Infelizmente é muito fácil a enumeração de alguns deles, decorrendo sobretudo do calor global. Todos esses desastres estão a acontecer no tempo presente.
Neste preciso momento em que me dirijo a todos vós, eles estão a afectar não somente o clima mas a perturbar a vida humana, tendo unicamente como previsões e expectativas futuras o agravamento e decadência da situação.

É assustador observar como tais descontrolados eventos de dinossáuricas e ciclópicas proporções podem ser o resultado do aumento de um único grau na média de temperatura de Terra, uma pequena fracção do calor previsto para todas as próximas décadas.

O Árctico está a derreter – a cobertura de gelo naquela região, em tempo de Verão, diminuiu a um ritmo de 8% por ano de há três décadas a esta parte.

No ano passado a camada de gelo era 20% menor, relativamente por exemplo à do ano de 1979, uma redução de 1,3 milhões de quilómetros quadrados, o equivalente à soma dos territórios reunidos da França, Alemanha e Reino Unido.

Os desertos estão a avançar – o total de áreas atingidas pela seca é actualmente o dobro em 30 anos.

Um quarto da superfície do Planeta é agora um longo e vasto deserto. Só na China as áreas desertas estão a avançar até 10.000 quilómetros quadrados por ano, área igual à do território do Líbano.

O Brasil está agora no rasto, na rota dos ciclones. Até há pouco tempo livre deste género de perturbações tempestuosas, o Brasil passou a ficar exposto às inclemências do tempo na sua costa marítima, tendo o litoral brasileiro sofrido outras tempestades frequentes, não obstante elas serem de menor magnitude e grandeza; ainda assim, isto mostra-nos muito claramente que o problema veio para ficar.

Os furacões estão mais fortes do que nunca. Devido ao aquecimento global das águas, a presença de furacões das categorias 4 e 5 – as mais elevadas da escala – duplicou nos últimos 35 anos.
O furacão Katrina, que destruiu Nova Orleães, é só uma amostra dessa trágica realidade.

O nível do mar subiu. Desde o princípio do século passado a subida do mar situa-se entre 8 e 20 centímetros. Em certas áreas costeiras, como nalgumas ilhas do Pacífico, verifica-se um avanço de 100 metros na maré-alta. Um estudo das Nações Unidas estima que o nível das águas subirá quase mais um metro até o fim deste século.

Os relatórios mais recentes das Nações Unidas informam sobre a morte de 200.000 pessoas por ano devido à seca, inundações e outros factores directamente relacionados com o aquecimento global. Até 2030 esse número duplicará.

Enfrentando todos estes imensuráveis e trágicos desastres ambientais, as pessoas têm a legitimidade de colocar a si mesmas a seguinte questão: - Serão reversíveis essas consequências?

De acordo com um dos muitos relatórios do Painel Internacional de Mudanças Climáticas [International Panel of Climatic Changes (IPCC)] uma das mais sérias e respeitadas autoridades das Nações Unidas em Aquecimento Global, haverá um aumento de temperatura do Planeta Terra entre 2 e 4,5ºC até ao ano 2050.

O Director do Instituto de Ciências Ambientais da Universidade do Quebeque, Dr. Marc Lucotte afirma: "Dois graus são uma barreira psicológica para os cientistas. Acima desse patamar, a possibilidade de acontecerem muito mais vastas tragédias do que aquelas já observadas nos recentes últimos anos – tais como inundações, secas, ondas de calor, furacões e epidemias – aumenta enormemente. Nesse preciso momento será demasiado tarde para voltar atrás".
No pior dos casos, um aumento de 4 (quatro) graus igualará as temperaturas do Árctico às que ocorreram há 130.000 (cento e trinta mil) anos, segundo demonstrações seguras baseadas na análise geológica, efectuada por cientistas da Universidade de Arizona e pelo Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos.

Nesse passado ancestral, o nível dos oceanos era seis metros mais elevado e a camada de gelo do Árctico quase desapareceu.

O cientista John Overpeck, um dos coordenadores dessa pesquisa, informa que "isso não significa que o nível do oceano subirá imediatamente 6 metros, quando os termómetros registarem um aumento de 4ºC da temperatura".
Mas, a partir desse momento, o processo de derretimento dos glaciares será rápido e irreversível.

Muitos cientistas começam a acreditar que as mudanças climáticas atingiram o ponto de não retorno.

Em vários aspectos nós já passámos para além do limite de se poder voltar atrás – a limpeza da atmosfera é uma tarefa para gerações.

O aquecimento dos mares alimentará o crescimento de novos furacões, aumentando o poder desses fenómenos meteorológicos.

As secas e inundações continuarão a dizimar populações inteiras fazendo continuamente, todos os anos, centenas de milhar de novos mortos.

Deste modo, que podemos nós fazer? Ser-nos-á permitido desistir?

Certamente que não!

O cenário é adverso mas não nos permite qualquer espécie de inércia ou preguiça.
Considerando somente – neste momento – algumas medidas práticas, nós sabemos, todos nós, bastante bem que, para se reduzir fundamentalmente o aquecimento, temos de encontrar um modo de energia mais eficiente através da diminuição da emissão de gases que estão a causar o efeito de estufa.

Mais ou menos 75% desses gases provêm de combustíveis fósseis para a produção de energia, nas Indústrias.
Os outros 25% são oriundos de fogos florestais, provavelmente o problema mais fácil com que se lidar.

Caros Irmãos,

Não temos dúvidas que há uma preocupação real, séria e profunda entre os governos.

Vários países estão a começar a considerar a instalação e implementação de novas Centrais Nucleares, que representam, já hoje, 16% do total da energia mundial produzida. Só a China prevê a construção de 32 novas Plataformas até 2020.

Os Estados Unidos estão interessados em produzir combustíveis para automóveis usando milho, tal como, da mesma forma, o Brasil está a fazer com a cana-de-açúcar.

 

É claro que as pessoas se podem adaptar a um clima mais quente e isto parece ser possível para a humanidade. Se isso tiver de ser feito, façamo-lo! Todavia, esta atitude não nos livrará da condenação das gerações que hão-de vir.

Nós seremos sempre apontados como a geração que quase destruiu o único, frágil e azul Paraíso de vida na imensidão do Universo inteiro.

Para que cada um de nós tenha uma ideia mais precisa e clara das consequências actuais da terrível doença de poluição do Planeta, digo-vos simplesmente que mesmo que todos os países parassem a libertação de gases com efeito de estufa (de forma imediata), ainda assim – como afirmou John Reilley, Director do Programa de Mudanças Climáticas do Instituto de Tecnologia do Estado do  Massachusetts – ainda assim, reforçamos este aspecto, "a atmosfera está já tão saturada que a temperatura média do globo continuaria a subir durante mais de 1000 anos e o nível do mar continuaria a subir durante mais de 2000 anos".

A primeira coisa que temos de aprender é como conviver com esta nova fúria da natureza desencadeada pelo nosso abuso e acções discricionárias.

Efectivamente, tendo em conta a pesquisa das Nações Unidas de 2005, só naquele mesmo ano (2005) ocorreram 360 desastres naturais dos quais 259 estão directamente relacionados com o aquecimento global.

O aumento foi de aproximadamente 20% comparativamente ao ano anterior. No princípio do século XIX, segundo alguns historiadores, dificilmente mais de meia dúzia desses eventos ocorriam a cada ano.

No total, 168 inundações, 69 tornados e furacões e 22 secas, tudo isto transformou a anterior vida calma de 154 milhões de pessoas no mundo inteiro.*

Mas nenhum país irá longe porque as medidas e opções reversíveis são caras e algumas delas podem trazer riscos à economia.

Outros estão a propor – nomeadamente – listas ambientais de forma que cada pessoa faça a sua própria parte, como deixar o carro em casa durante alguns dias por semana; estes comportamentos indicados são notáveis mas não têm nenhum impacto ou qualquer efeito prático.

John Reilley não tem dúvidas de que para se inverter o modo de vida vivido durante os últimos vinte anos são requeridas grandes estratégias e pesados investimentos.

Mesmo precisando do envolvimento dos governos e estados mundiais, nós não podemos ser quiméricos ou utópicos; seria impossível convencê-los a salvar o Planeta porque haveria tão divergentes interesses próprios que um consenso ou um acordo seriam completamente impossíveis.

E, de facto, para resolver o efeito de estufa – por exemplo – bastaria um acordo entre as dez ou vinte maiores economias mundiais. Por um lado eles são os grandes poluidores, e por outro eles têm dinheiro suficiente para mudar o padrão enérgico nocivo.

 

SOLUÇÕES TÉCNICAS

Assim, Caros Amigos e Irmãos,

Nós não podemos contar somente com as boas estratégias porque os que detêm poder e dinheiro para as implementar têm os seus próprios interesses, altamente divergentes dos da natureza.

Em segundo lugar, as agradáveis e boas intenções domésticas não terão qualquer efeito na prática e nós não podemos enraizar a nossa esperança numa ilusão utópica.

Nós temos de pensar globalmente e agir localmente.

Nós temos o dever de fazer todo o possível para começar a readquirir o equilíbrio natural perdido.

A nossa sociedade mundial contemporânea não está preparada para viver sem a energia do petróleo. Isto é um facto e nós temos de saber lidar com ele, escolhendo a melhor solução.

Mas podemos desenvolver outros géneros de energias alternativas – não poluentes – como a solar, eólica e outras.

O mundo necessita do poder enérgico para viver em respeito pelo enquadramento do modo de vida da população; da forma como o mundo está hoje estruturado, não pode renunciar à energia produzida a partir do petróleo; este é um facto inevitável e inegável.

Mas podemos criar outras opções como novas e importantes fontes de energia diferentes, a fim de começarmos a recuperar o equilíbrio perdido imposto pelas antigas fontes dos hidrocarbonetos de energia fóssil.

Aqui, Caros Amigos,

A alternativa energia eólica pode desempenhar um papel muito especial no mundo inteiro.

E para esse objectivo, iniciativas como aquela que nós temos o prazer de viver aqui, hoje – em Guadalajara, no México – terão de acontecer com maior frequência e continuidade, a fim de despertar o mundo para a responsabilidade relativa à implementação das energias não poluentes.

Esforços têm sido feitos, indubitavelmente, mas estamos de facto muito longe de uma afirmação equilibrada e consistente da força do vento no Planeta.

Por exemplo – no ano passado – os Estados Unidos duplicaram o aparato da capacidade de energia de vento, instalada em 2007; não obstante, toda a energia de vento instalada globalmente nos E.U.A. representa somente 1% de toda a energia consumida internamente pelos E.U.A. Ainda que seja um notável começo… Perfila-se diante de nós um longo caminho para percorrermos.

Nós poderíamos indicar muitos outros países como a Alemanha, China, Índia, Espanha, França, Dinamarca, Portugal ou Itália, se estivermos tão-só a falar dalguns dos dez países mundiais de topo com instalação de energia produzida pelo vento, que estão também a fazer esforços consideráveis nesta área; mas novamente, isto não chega; nós temos de ir mais longe; nós temos de continuar a aumentar o desenvolvimento de energia produzida a partir do vento, a nível mundial.

 

Caros Amigos,

Um novo equilíbrio ecológico – para a salvação do nosso Planeta Terra – tem de ser criado, protegido e desenvolvido, decorrendo do que temos vindo a afirmar até agora nesta Conferência; e o sucesso de um novo equilíbrio – a nível material – passa pela dádiva das referidas novas fontes de energia não poluente.

 

SOLUÇÕES:

REINTEGRAÇÃO ANTROPOLÓGICA E ESPIRITUAL
DO AMBIENTE.

Não obstante tudo o que foi afirmado, não podemos nem devemos esquecer uma das partes mais importantes, a espiritual, rapidamente e cada vez mais adormecida no mundo de hoje.

O homem deleita-se, hoje, na contemplação das suas próprias realizações tecnológicas notáveis e começou a sentir-se como o senhor do Planeta Terra, ao invés de se assumir como um co-responsável por toda a Criação Cósmica, aos níveis mineral, vegetal e animal, pelo respeito da harmonia e equilíbrio do ambiente natural.

O homem tem esta responsabilidade quer diante da Criação Cósmica quer diante de Deus, o Criador.

Este comportamento nocivo do homem provém das nossas raízes, do distante passado dos nossos ancestrais.

Antes da queda de Adão e Eva, eles viveram a Criação como um todo harmonioso, como se fosse um belo jardim (Génesis 2:8), de que eles tomaram conta com cuidado e amor.

A queda humana, porém, que foi essencialmente um pecaminoso exercício da liberdade humana, introduziu forças desintegrantes ao interior de Criação.

A humanidade sofreu uma dupla alienação. Por um lado, foi afastada do Criador, desde que Adão e Eva se moveram no sentido de se ocultarem da visão de Deus (Génesis 3:8) dado que a sua comunhão com a fonte de vida e de luz estava quebrada.
Por outro lado, a humanidade perdeu a sua capacidade de entrar num são relacionamento com a natureza e com o corpo da Criação. A inimizade entre o mundo natural e os seres humanos substituiu a relação de harmonia e protecção.

O domínio e exploração da Criação para fins egoístas por seres humanos gananciosos tornaram-se regra na sua história.

Surgiram, assim, múltiplas formas de desintegração convergindo no facto da morte e corrupção.
O medo da morte instilou a ansiedade, avareza, ganância, ódio e desespero nos seres humanos.

As formas modernas de exploração económica, opressão racial, desigualdades sociais, guerra, genocídios… são todas consequência do medo da morte e sinal colectivo da morte.
Este medo da morte foi um dos resultados da queda. Estando perdida a ligação primordial da preciosa, directa e pura relação de amor entre o Homem e Deus através dos tempos, o Homem tentou emancipar-se da dependência da mortalidade, criando artefactos ilusórios para substituir a sua fraqueza tanto mental como física.

Na Idade Moderna esta espantosa busca de superação da sua própria fragilidade, conduziu o homem a reger o mundo sob a mais profunda cegueira espiritual.

A esta cegueira espiritual associaram-se a insensibilidade, dureza de coração e indiferença para com o próximo e o meio ambiente, entre vários outros níveis de Criação.

Focalizando-nos agora no nosso principal e actual tema, os assuntos de ambiente como a poluição do ar e da água, sangria de recursos não renováveis, destruição de camada de ozono, aumento da radiação nuclear, desflorestação e desertificação de vastas áreas, tudo isto está a ameaçar a própria vida do Planeta.

Os recursos da ciência e tecnologia estão a ser impropriamente usados pelos seres humanos a ponto de abusarem da natureza e transformarem num inferno a vida de hoje na Terra, não somente para os muitos milhões de pessoas existentes como também para as gerações que hão-de vir.

A voz daqueles que clamam por um desenvolvimento justo, distribuição equitativa de recursos e estilos de vida ecológicos está a ser sistematicamente suprimida.

Os avanços em biotecnologia e engenharia genética carecem de ser vistos à luz do Espírito Santo, porque sem adequado conhecimento da transcendente e divina vocação da natureza espiritual da humanidade, estas tecnologias novas correm o risco de iniciar a corrupção biológica e ambiental, conduzindo a mutações desastrosas que são extremamente perigosas para a verdadeira vida da nossa Terra.

Ainda que a criatividade e liberdade humanas possam ser afirmadas como supremos dons de Deus, deveria igualmente realçar-se que elas se deveriam enraizar tanto na sabedoria divina como na maturidade espiritual humana.


Reintegração ambiental.

A crise ambiental é um pecado e um julgamento pendente sobre a humanidade.

Nós precisamos de encontrar meios, programas de apoio acertados que procurem preservar da poluição do ar, água e terra.

Quando falamos hoje sobre reintegração, temos de falar em primeiro lugar de arrependimento e estabelecer compromissos para a formação de um novo modo de vida para a humanidade inteira.

O mundo contemporâneo tem de se arrepender dos abusos que impusemos e infligimos ao mundo natural, considerando-o para nós no mesmo género de relação com que levamos em conta a unidade da nossa natureza humana, em corpo e alma.

Temos de começar a reverter a poluição por nós causada, que traz morte e destruição às dimensões mineral, vegetal e animal do meio ambiente mundial.

Nós temos de trabalhar e de fazer pressão, com todos os meios possíveis, nas nossas diversas situações, para encorajar a comunidade científica a dedicar-se aos potenciais benéficos da ciência e tecnologia de modo a poder ser restaurada a integridade da Terra.

 

Em suma, nós temos de ver o mundo criado como o nosso próprio lar e toda a pessoa nele como nosso irmão e irmã a quem o Cristo ama.

No nosso egoísmo e ganância temos usado aquelas que de outro modo seriam boas capacidades tecnológicas para explorar a Criação de Deus, destruir o equilíbrio de natureza e deformar aquilo que originalmente Deus fez para estar em saudável comunhão connosco e com Ele.

A Criação já não está integrada com a humanidade nem em harmonia com Deus. Na realidade, isso configura-se num autêntico perigo de conflagração, perante uma guerra nuclear.

A crise ecológica obriga-nos a rever a nossa relação com o meio ambiente. Presentemente a concepção do domínio do homem sobre a natureza e a atitude consumista para com ela está a ser cada vez mais criticada.

A consciência da sociedade contemporânea paga um preço demasiado elevado pelas “bênçãos” da civilização e tem provocado oposição ao egoísmo económico.

Nomeadamente, foram feitas tentativas para identificar as actividades nocivas ao ambiente natural.

Ao mesmo tempo está a ser desenvolvido um sistema para a sua protecção. Os presentes métodos económicos são revistos; estão a ser feitos esforços para criar tecnologias que poupem energia e plataformas isentas de desperdícios que ao mesmo tempo possam ser ajustadas à circulação natural.

Tem vindo a desenvolver-se um sentimento inicial de forte protecção ecológica, mesmo que ainda esteja em fase embrionária.

Instruída dessa forma, a opinião pública começou a falar contra o modo de vida consumista, exigindo o aumento de responsabilidade ética e legal pelos danos infligidos à natureza.

Está também a reivindicar educação ecológica, esforços colectivos e comprometidos em proteger o meio ambiente na base de uma larga cooperação internacional.

Caros Amigos,

A Igreja Ortodoxa aprecia todos estes esforços para contrariar a crise ecológica e encoraja as pessoas a tomarem parte activa na protecção da Criação de Deus.

Ao mesmo tempo, a Igreja nota que esses esforços serão mais frutíferos se a base na qual a relação construída do homem com a natureza não for meramente humanista mas também cristã.

Como já referimos, um dos mais importantes princípios basilares da Igreja em assuntos ecológicos é a unidade e integridade do mundo criado por Deus.

A Igreja Cristã Ortodoxa não encara a natureza como uma estrutura isolada ou fechada. Os Mundos vegetal, animal e humano estão interrelacionados.

Do ponto de vista da Igreja Ortodoxa, a natureza não é um repositório de recursos entendido para o consumo egoísta e irresponsável, mas uma casa, um lar do qual o homem não é o proprietário, mas o usufrutuário.

 

Os problemas ecológicos são essencialmente antropológicos, dado que não são gerados pela natureza mas pelo homem.

Por conseguinte, as respostas a muitas questões levantadas pela crise ambiental deverão ser encontradas não na economia, biologia, tecnologia ou política, mas sim no coração humano; a natureza altera-se ou sucumbe não por si só, mas sob a influência do homem.

A condição espiritual do homem desempenha aqui o papel decisivo, pois ela afecta o ambiente com ou sem essa influência.

A História da Igreja conhece muitos exemplos nos quais o amor de ascetas cristãos pela natureza, a sua oração pelo mundo e a sua compaixão por todas as criaturas teve uma influência benéfica nos seres vivos.

 

SOLUÇÕES:

ECOLÓGICA E ESPIRITUAL

Caros Amigos,

A relação entre a antropologia e a ecologia manifesta-se hoje em que o mundo está a viver duas crises concorrentes: a espiritual e a ecológica.

Na Sociedade Contemporânea, o homem perde com frequência a consciência da vida como um dom de Deus, e por vezes o próprio significado da vida, reduzindo-o unicamente ao ser físico.

Com esta atitude perante a vida, a natureza já não é entendida como uma casa, um lar, muito menos como um templo, mas tão-somente como um “habitat”.

A pessoa espiritualmente degradada conduz a natureza, do mesmo modo, para a degradação, pois é incapaz de ter uma influência transformadora no mundo.

Os recursos tecnológicos colossais não podem ajudar a humanidade quando ela está cega para o sentido, mistério e maravilha da vida; a tecnologia, nesse caso, não poderá ser um benefício e, ao invés, poderá mesmo ser danosa.

Num homem espiritualmente desorientado, o poder tecnológico gerará uma confiança utópica nos recursos ilimitados da mente humana e força do progresso.

É impossível superar completamente a crise ecológica, dada a actual crise espiritual.

Isto não significa que a Igreja esteja a pedir um fim aos esforços de protecção ambiental.

Todavia, a Igreja Ortodoxa considera que a esperança numa mudança positiva na relação entre o homem e a natureza recai na sociedade que se esforça pela revivificação espiritual.

O fundo antropogénico dos nossos problemas ecológicos demonstra que nós tendemos a mudar o mundo à nossa volta conforme o nosso próprio mundo interior; assim, a transformação da natureza deveria começar com a transfiguração e transformação da alma.

Segundo São Máximo o Confessor, “o homem poderá transformar a Terra em Paraíso tão-somente se ele transportar o paraíso dentro de si mesmo”.

Caros Amigos,

Estas são algumas das perspectivas Ortodoxas sobre a Criação.
Esta não é apenas a minha própria opinião pessoal, mas reflecte as firmes determinações das Igrejas Ortodoxas Universais.

Vós, todos vós, Caros Amigos, quando estamos a falar somente em termos de ciência e tecnologia, o protagonista principal das energias alternativas é a Luz que brilha na realidade das trevas, ou seja, o VENTO, como Energia Alternativa.

O futuro, com o sucesso da implementação da Energia produzida pelo Vento depende de TODOS vós; CIMEIRAS internacionais como a de Guadalajara, são mais do que necessárias, na medida em que permitirão a todos os homens activamente envolvidos, companhias e participantes em geral, serem despertados relativamente a cada novo ou antigo pormenor importante a ser levado em conta pelo bem-estar da Humanidade;

Para aumentar o número máximo de possíveis Plataformas de construção de Energia produtora de Vento no mundo inteiro;

Apresentando para discussão os assuntos mais pertinentes relacionados com esta tarefa fundamental;

Permanecendo vigilantemente dedicados a esta Missão nova e Nobre, PARA SALVAR O PLANETA TERRA do desastre;

Para restabelecer o novo EQUILÍBRIO AMBIENTAL.

FINALMENTE, quero expressar o meu mais profundo e sincero Agradecimento ao Presidente do Wind Expo Lawea 2008, Sr. Eng. Fernando Tejeda – meu Caríssimo Amigo – pela sua coragem e determinação rara, incomum e excepcional, que conduzem à realização plena deste grande, notável, único e magnífico, Evento local e internacional, de Energias Alternativas na América Latina;

Da mesma forma é meu honroso dever fraterno apresentar as minhas felicitações a todos os principais Organismos responsáveis da Wind Expo Lawea 2008, que tiveram o trabalho duro – durante muitos meses – para fazer acontecer este Evento de Exposição de Energias Alternativas, adornado por tão surpreendente Dignidade, Veracidade e Proficiência Científica.

A todos os Ilustres Visitantes e Assistentes a este Evento deixo um caloroso desafio de modo a envolver-vos activamente – cada dia que passa – nos assuntos ambientais, ajudando a encontrar os meios mais adequados, práticos e efectivos para enfrentarmos positivamente a enorme Missão que temos à nossa frente, perante as nossas famílias, os nossos filhos e diante do Mundo.

Enfim, quero pedir a vossa compreensão, entendimento e perdão pessoais, por tamanha prolixidade de palavras que ousei dirigir a todos vós.

Possa Deus derramar sobre todos vós as Suas Bênçãos vivificantes.

 

João
Arcebispo Ortodoxo de Braga e Lisboa
Metropolita Primaz de Portugal, Espanha e Todo o Brasil



 

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